Almanaque O Juízo do Ano

Almanaque O Juízo do Ano (Acervo Memórias do Cordel)

O almanaque O Juízo do Ano foi uma publicação de Manoel Caboclo editada entre os anos de 1959 até 1996, ano de sua morte. Distribuído por todo o Nordeste, o almanaque chegou a atingir uma tiragem anual de 40 mil exemplares entre os anos de 1968 e 1974, afirma Gilmar de Carvalho (2000).

Sobre os almanaques, define Rosilene Alves de Melo (2007):

São publicações anuais, sob o formato de calendário, e apresentam indicações astrológicas, previsões meteorológicas destinadas aos agricultores, orientações sobre saúde e comportamento, além de curiosidades, provérbios, receitas, etc.

Do ponto de vista editorial, os almanaques são bem semelhantes aos folhetos de cordel: capas ilustradas em xilogravura, anúncio publicitário na quarta capa e impressão em papel barato. A principal razão dessa semelhança é o fato deles serem editados nas mesmas tipografias que editavam folhetos de cordel, usando os mesmos recursos.

Os almanaques eram sempre lançados entre setembro e dezembro, época em que havia uma grande disputa entre os astrólogos para ver quem lançava as profecias primeiro. Sua distribuição era baseada na rede de comercialização já estabelecida pelos folhetos de cordel. Com um preço acessível, os almanaques logo conquistaram o seu público, o sertanejo nordestino.

O Juízo do Ano continha notícias publicados em versos de cordel sobre os mais variados assuntos. Era possível encontrar também conselhos, previsões e indicações astronômicas.

É importante destacar também a seção que trazia a relação dos dias favoráveis ao cultivo e conselhos de Caboclo para o agricultor nordestino cuidar de seu rebanho e a figura de Padre Cícero que esteve presente em todas as edições do almanaque.

Sobre Manoel Caboclo, cabe ressaltar aqui sua importante atuação para a o sertanejo, oferecendo serviços como: horóscopos individuais, astrologia, astronomia, numerologia, parapsicologia, radiotipía, fenologia, onoromancia e outras ciências ocultas. (CARVALHO, 2006).

Ele era uma espécie de conselheiro, dava conselhos sobre o planejamento familiar, reforçava a moral, a razão e o senso comum. Sua biblioteca era vasta, haviam obras de diferentes áreas como: medicina, direito, agronomia e meteorologia.

A partir da década de 1970, O Juízo do Ano passou a ser impresso na Gráfica Sobreira, por ser mais dotada de recursos técnicos.

Após a morte de Caboclo em 1996, o almanaque O Juízo do Ano, que já passava por um período de crise, deixou de circular. Caboclo já havia previsto para si uma fase complicada em razão das turbulências provocadas por Saturno.

Para quem se interessar em pesquisar mais sobre o almanaque de Caboclo, ele compõe os acervos do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP) e da Biblioteca Átila Almeida, na Universidade Estadual da Paraíba.

Mais informações:
CARVALHO, Gilmar de. Lyra Popular. Fortaleza: Museu do Ceará, 2006.
CARVALHO, Gilmar de. Manoel Caboclo. Fortaleza: Hedra, 2000.
CARVALHO, Reinaldo Forte. Cordel, Almanaques e Horóscopos: E(ru)dição dos folhetos populares em Juazeiro do Norte-CE (1940 – 1960). Fortaleza, 2008. 127f. Dissertação (Mestrado História e Culturas) - Centro de Humanidades da Univesidade Estual do Ceará.
FRANÇA JÚNIOR, Luís Celestino de . O Juízo do Ano. Um estudo sobre o almanaque popular no Nordeste. In: V Congresso Nacional de História da Mídia, 2007, São Paulo. Anais do V Congresso Nacional de História da Mídia, 2007.
MELO, Rosilene Alves de. Arcanos do Verso: Trajetórias da literatura de cordel. Fortaleza: 7 Letras, 2010.
____________________. Escrito nas Estrelas: Almanaques Astrológicos, Relicários do Tempo, Prognósticos do Destino. XIII Encontro de História da UNPUH. Rio de Janeiro, 2007.

Como citar essa postagem: 
MEMÓRIAS DO CORDEL. Almanaque O Juízo do Ano. Disponível em: <http://memoriasdocordel.blogspot.com.br/2013/05/almanaque-o-juizo-do-ano.html>. Acesso em: dia Mês Ano.

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