Editoras do Cordel #2 - Guajarina

Capa do folheto Desafio de Zé Duda com Silvino Pirauá (Fonte: www.casaruibarbosa.gov.br)

A editora Guajarina foi fundada pelo pernambucano Francisco Lopes e funcionou entre os anos de 1914-1942 em Belém-PA. Foi a maior editora de cordel da região Norte do Brasil, publicando durante este período cerca de 846 folhetos (SALLES, 1971, p. 92).

Esse sucesso do cordel na região Norte do Brasil se deve ao ciclo da borracha, período compreendido entre os anos de 1870 e 1910, onde muitos nordestinos migraram para a região fugindo da seca e em busca de melhorar as condições de vida com a extração do látex, matéria prima da borracha. Esses nordestinos acabaram levando consigo sua cultura e tradições, como a literatura de cordel.

A editora possuía uma grande rede de agentes que se distribuíam em diversas cidades como Manaus-AM, Rio Branco-AC, Santarém-PA, Marabá-PA, São Luiz-MA, Teresina-PI, Parnaíba-PI, Fortaleza-CE, Juazeiro do Norte-CE, Natal-RN e Campina Grande-PB. Seus folhetos continham títulos de grandes poetas como Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde e Firmino Teixeira do Amaral, entretanto, vale ressaltar que nem sempre os folhetos eram publicados com a autorização destes autores. Outro grande poeta a ter os versos publicados em folhetos na editora foi o paraense Zé Vicente (Lindolfo Mesquita).

Além de folhetos de cordel, a Guajarina produzia livros de orações, pequenas narrativas em prosa, almanaques, rótulos xilográficos, periódicos, revistas como a Guajarina e a Pará Ilustrado e também os folhetos de modinhas, que continham letras de canções populares. Junto com os cordéis, as modinhas também se tornaram os dos principais produtos de venda da editora. Inicialmente foram distribuídas como um suplemento da revista Guajarina, e tinham o formato dos folhetos de cordel, contendo 8 páginas.

Com a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945) e a consequente dificuldade na compra de papel, a editora entrou em crise, que se aprofundou com a morte de Francisco Lopes, em 1947. Após a morte de seu fundador, a Guajarina foi adquirida por N. A. Souza, que deu continuidade na publicação de alguns folhetos, porém, a editora não resistiu à crise com que passava e em 1949 encerrou suas atividades, sendo suas instalações gráficas incorporadas à Livraria Vitória, de Raimundo Saraiva Freitas (GASPÁR, 2012).

Quem se interessar em estudar mais a fundo sobre a editora Guajarina, pode procurar o Acervo Vicente Salles do Museu da Universidade Federal do Pará que contém a Coleção encadernada de Modinhas e de Folhetos de cordel da editora. Há também a Biblioteca Pública Arthur Vianna (Acervo Obras Raras) da Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves que contém uma coleção das Revistas Guajarina e Pará Ilustrado.

Fontes:
GASPAR, Lúcia. Editora Guajarina
MENEZES NETO, Geraldo Magella de. Uma Estratégia Editorial: a propaganda de folhetos de cordel da Guajarina (1922-1949). OPSIS, Catalão, v. 12, n. 2, p. 385-403 - jul./dez. 2012
SALLES, Vicente. Guajarina, folhetaria de Francisco Lopes. Revista Brasileira de Cultura. Rio de Janeiro, n. 9. jul./set. 1971.
SALLES, Vicente. Repente e cordel, literatura popular em versos na Amazônia. Rio de Janeiro: FUNARTE/Instituto Nacional do Folclore, 1985.
VICENTE, Zé. Zé Vicente: poeta popular paraense. Introdução e seleção Vicente Salles. São Paulo: Hedra, 2000.

Como citar essa postagem: 
MEMÓRIAS DO CORDEL. Editoras do Cordel #2 - Guajarina. Disponível em: <http://memoriasdocordel.blogspot.com/2013/02/editoras-do-cordel-2-guajarina.html>. Acesso em: dia Mês Ano.

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