Grandes Nomes do Cordel #3 - Francisco das Chagas Baptista

Francisco das Chagas Baptista (Fonte: Cordel Atemporal)

Francisco das Chagas Baptista nasceu na fazenda Riacho Verde, na Serra da Borborema, Município de Teixeira na Paraíba no dia 5 de maio de 1882. Em 1909, após a morte do pai, mudou-se com a família para Campina Grande. Chagas Baptista também morou em Guarabira/PB onde trabalhou com o irmão Pedro Baptista.

Seu primeiro folheto Saudades do Sertão foi publicado em 1902. A partir daí, Chagas Baptista passou a vender folhetos em feiras livres pelo Nordeste. Saudades do Sertão recebeu críticas positivas dos jornais O Comércio e A União (ambos de João Pessoa/PB), A República (Natal/RN) e O Ateneu (Campina Grande/PB).

De acordo com Ruth Terra (1983):
"Chagas Baptista utilizava os serviços da Imprensa Industrial do Recife, de 1904 a 1910, aproximadamente, passando a imprimir na capital da Paraíba, na tipografia Gonçalves Pena, até tornar-se impressor, em 1913." (TERRA, 1983, p25)
Em 1911, mudou-se para a capital Parahyba (antigo nome de João Pessoa), onde abriu uma pequena livraria que comercializava livros usados e folhetos. Em 1913, Chagas deu importante passo para a sua carreira de poeta e editor de cordel ao adquirir o prelo de Leandro Gomes de Barros e assim, montar sua própria tipografia, a Popular Editora que funcionava na Rua da República, 65 (depois 584). Além de vender folhetos, o poeta e editor passou agora a imprimir seus próprios cordéis e de outros poetas como Leandro Gomes de Barros e João Melchíades, que à proposito, eram seus amigos. É interessante apontar que nessa época, os cordéis geralmente tinham capa compostas apenas por tipografias e ornamentos, observando os cordéis publicados pela Popular Editora, é possível comprovar essa informação.

Os homens da mandioca (Fonte: Acervo FCBR)

Sobre a estrutura da Popular Editora, Ruth Terra (1983) faz o seguinte relato:
"Em 1923, a tipografia de Chagas contava com três prelos: dois maiores, movidos a pedal, e um manual. A capacidade de impressão diária de folhetos de 32 páginas era de um milheiro, e de 16 páginas, três milheiros. Os folhetos eram impressos nos prelos grandes e as capas, no menor. Chagas dispunha, então, de três tipógrafos e três impressores-encadernadores, que recebiam por dia ou pela tarefa realizada e contavam também com auxiliares de encadernação." (TERRA, 1983, p26)
Ainda de acordo com Ruth Terra (1983):
Anúncios indicam que a partir de 1918, Pedro Baptista foi responsável pela filial da Popular Editora em Guarabira. Pedro era genro de Leandro Gomes de Barros” (TERRA, 1983, p28). 
Após a morte de Leandro, Pedro Baptista passou a editar seus folhetos, tornando-se “o primeiro editor de folhetos que não era poeta popular”.

Voltando a Francisco das Chagas Baptista, acredita-se que ele tenha mais de cem folhetos, dentre eles, destaca-se A Vida de Antonio Silvino (1904), que na sua edição publicada em 1907, trouxe em uma de suas páginas internas, a primeira xilogravura que se tem conhecimento em folhetos de cordel.

Primeira xilogravura que apareceu em folheto de cordel 
(Fonte: FRANKLIN, 2007) 

Chagas Baptista utilizava-se muito de suas leituras de jornais e de revisas como O Malho, Revista da Semana e Revista do Brasil para escrever seus folhetos de época. O poeta também foi leitor de importantes escritores como Victor Hugo, Perez Escrich, José de Alencar, Castro Alves e Olavo Bilac.

Além de folhetos de cordel, o poeta também escreveu três livros, com destaque para Cantadores e poetas populares, publicado em 1929 com o intuito de corrigir falhas encontradas pelo poeta ao consultar obras de Leonardo Mota, Rodrigues de Carvalho e outros escritores da época. Por conviver com muitos cantadores e poetas populares, sendo inclusive amigo de muitos deles, Chagas conseguiu reunir dados biográficos e poesias de dezoito poetas populares, entre os quais Leandro Gomes de Barros, Silvino Pirauá de Lima e João Melchíades Ferreira.

Francisco das Chagas Batista morreu em João Pessoa, no dia 26 de janeiro de 1930. A Popular Editora passou então a ser dirigida por sua esposa Hugolina Nunes, mas não continuou por muito tempo, entrando em concordata em 1933. Dentre os seus 11 filhos que teve com Hugolina, destaca-se Sebastião Nunes Batista, folclorista, que produziu obras referenciais do cordel como a Antologia de Literatura de Cordel publicada em 1977. 

A Fundação Casa de Rui Barbosa tem em seu acervo online vários folhetos publicados por Chagas Baptista: Acervo 1 e Acervo 2.

Mais informações:
Portal O Nordeste

GASPAR, Lúcia. Chagas Batista. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: 06 jul. 2013.
SILVA, José Fernando Souza e. Francisco das Chagas Batista: biografia. Disponível em: <http://www.casaruibarbosa.gov.br/cordel/FranciscoChagas/franciscoChagas_biografia.html>. Acesso em: 06 jul. 2013.
TERRA, Ruth Brito Lêmos. Memória de lutas: literatura de folhetos do Nordeste (1893 a 1930). São Paulo: Global Editora, 1983.

Como citar essa postagem: 
MEMÓRIAS DO CORDEL. Grandes Nomes do Cordel #3 - Francisco das Chagas Baptista. Diponível em: <http://memoriasdocordel.blogspot.com.br/2013/07/grandes-nomes-do-cordel-3-francisco-das.html>. Acesso em: dia Mês Ano.

Um comentário:

Anônimo disse...

gostei de ficar informada




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